
Ao se deparar com o termo “depressão trocantérica“, é natural surgir a dúvida sobre a relação entre uma condição de saúde mental e o que parece ser um problema físico. A verdade é que este termo é, na realidade, uma forma popular e, por vezes, confusa de se referir a uma condição ortopédica dolorosa. O sofrimento, seja ele físico ou emocional, é real, e queremos acolher sua busca por esclarecimento, reconhecendo a confusão que pode surgir quando a dor no corpo se mistura com a preocupação da mente.
É essencial desmistificar o nome popular e focar na informação precisa. O termo médico mais adequado para a condição que afeta a região do trocânter (a protuberância óssea na lateral do quadril) é, geralmente, Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT), ou, antigamente, bursite trocantérica. Apesar da confusão com o nome “depressão”, a dor é predominantemente física. Este artigo foi elaborado com o máximo cuidado para fornecer informações educativas sobre os sinais dessa condição física, enquanto reforça a importância da saúde mental em qualquer jornada de dor crônica.
Nosso objetivo é explorar os sinais dessa condição ortopédica, utilizando informações de fontes científicas, e enfatizar a necessidade de um diagnóstico médico preciso, sem nunca sugerir um tratamento ou diagnóstico.
É fundamental reforçar, desde o início, que este conteúdo tem caráter estritamente educativo e informativo. Ele não substitui, em nenhuma hipótese, o diagnóstico, o aconselhamento ou o tratamento realizado por profissionais de saúde qualificados. Se você sente dor persistente no quadril ou em qualquer outra região, procure um médico ortopedista. Se o seu bem-estar emocional está afetado, procure um psicólogo ou psiquiatra.
O Que a Ciência Nos Ensina Sobre Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter
A condição popularmente referida como “depressão trocantérica” deve ser entendida, sob o rigor da ciência ortopédica, como Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT). O Grande Trocânter é uma proeminência óssea localizada na parte lateral do fêmur (osso da coxa), perto da articulação do quadril. Esta região serve de ponto de fixação para vários músculos e tendões importantes, como o glúteo médio e mínimo.
A SDGT é uma condição comum que causa dor crônica na parte lateral do quadril. Embora o termo “bursite trocantérica” tenha sido historicamente usado, estudos mais recentes, como os publicados no Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, indicam que a inflamação dos tendões (tendinopatia dos glúteos) e não necessariamente da bursa (pequena bolsa cheia de líquido) é a principal causa do quadro de dor para a maioria dos pacientes.
Dados estatísticos mostram que a SDGT é significativamente mais prevalente em mulheres de meia-idade e idosas, podendo afetar a qualidade de vida e a mobilidade. A dor crônica, independentemente de sua origem, é um fator de risco para problemas de saúde mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a forte comorbidade entre dor crônica e depressão, onde a dor física prolongada pode levar a um quadro depressivo (ou agravá-lo), e a depressão, por sua vez, pode amplificar a percepção da dor.
Portanto, a confusão do termo popular pode, ironicamente, destacar uma verdade da saúde integral: a dor física, especialmente a crônica, tem um impacto profundo no bem-estar emocional, e a depressão pode ser uma consequência ou uma comorbidade da dor. O foco do tratamento deve ser a causa física (a SDGT) e, simultaneamente, o cuidado com a saúde mental.
IMPORTANTE: Este conteúdo tem caráter estritamente informativo e educacional. Apesar de basear-se em dados científicos atualizados, não substitui aconselhamento, diagnóstico ou tratamento profissional. Qualquer dor persistente no quadril deve ser avaliada por um médico ortopedista ou reumatologista. Questões de saúde mental são complexas e individuais – sempre procure orientação de psicólogo, psiquiatra ou médico qualificado.
7 Sinais Comuns da Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT)
Os sinais da condição ortopédica conhecida popularmente como “depressão trocantérica” (SDGT) são predominantemente físicos e são importantes para auxiliar o médico no diagnóstico. É essencial que o leitor reconheça esses sinais como indicadores de que uma avaliação ortopédica é necessária.
- Dor na Lateral do Quadril (Proeminência Óssea): O sinal mais característico é a dor localizada na parte externa do quadril, especificamente sobre o Grande Trocânter. A dor é superficial e palpável.
- Piora da Dor ao Deitar de Lado: A dor costuma se intensificar quando a pessoa se deita sobre o lado afetado, devido à pressão direta sobre a região do trocânter.
- Dor ao Levantar-se da Posição Sentada: A transição da posição sentada para a em pé ou após longos períodos sentados é frequentemente dolorosa, pois exige a contração dos tendões e músculos da região.
- Dor ao Subir Escadas: O esforço de subir escadas ou rampas, que exige grande força dos músculos glúteos, costuma intensificar o desconforto na lateral do quadril.
- Claudicação (Manqueira) Leve: Em casos mais avançados, a dor pode fazer com que a pessoa altere a forma de caminhar, manifestando uma leve claudicação para evitar colocar peso total sobre a perna afetada.
- Dor Referida para a Coxa: A dor pode se irradiar para baixo, pela lateral da coxa, mas geralmente não atinge o pé ou a região abaixo do joelho, o que ajuda a diferenciá-la de problemas na coluna lombar.
- Sensibilidade Extrema ao Toque: A área sobre o Grande Trocânter é extremamente sensível à palpação, sendo um ponto crucial para o exame físico realizado pelo médico.
O impacto da dor crônica, mesmo que de origem física, no dia a dia não deve ser subestimado. Estudos de reumatologia e ortopedia indicam que a SDGT, ao limitar a capacidade de caminhar, dormir e realizar tarefas, pode levar à frustração, ao isolamento e, consequentemente, a um impacto negativo na saúde mental.

Fatores de Risco da SDGT e a Interação com a Mente
A Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT) é influenciada por uma variedade de fatores físicos e, em um ciclo complexo, pode ser agravada por fatores psicológicos.
Fatores Biológicos e Mecânicos: A condição está frequentemente ligada a fatores mecânicos, como:
- Anatomia Feminina: As mulheres são mais afetadas devido à pelve mais larga, que altera o ângulo de tração dos tendões do glúteo sobre o trocânter.
- Fraqueza dos Músculos Glúteos: A fraqueza dos músculos glúteos é um fator de risco primário, pois leva ao estresse excessivo e ao desgaste dos tendões.
- Desalinhamento Postural: Diferenças no comprimento das pernas ou problemas na marcha.
Fatores Psicológicos e a Amplificação da Dor: A ciência da dor crônica demonstra uma forte ligação entre o estado emocional e a percepção da dor.
- Depressão e Ansiedade: A ansiedade e a depressão não causam a SDGT, mas podem amplificar a intensidade com que a dor é percebida. O estresse crônico pode aumentar a sensibilidade do sistema nervoso, tornando a pessoa mais vulnerável à dor.
- Catastrofização: O padrão de pensamento catastrófico (imaginar o pior cenário para a dor) é um fator psicológico que comprovadamente aumenta a percepção da dor e a incapacidade funcional, segundo estudos em dor crônica.
Influências Ambientais e Culturais: O sedentarismo e a falta de exercícios de fortalecimento específicos para o quadril são fatores de risco ambientais. Além disso, a dificuldade em encontrar um diagnóstico preciso para dores crônicas pode gerar frustração e sensação de falta de controle, impactando negativamente a saúde mental.
Informações Para Familiares e Amigos
Se um familiar ou amigo está lidando com a dor da Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT), o apoio deve ser direcionado tanto ao sofrimento físico quanto ao impacto emocional.
Como Oferecer Apoio Adequado:
- Reconheça a Dor (Física e Emocional): Evite frases como “é só uma dor no quadril”. Reconheça a dor física e a frustração de ter a mobilidade limitada. Diga “Eu imagino o quanto deve ser limitante sentir essa dor o tempo todo.”
- Incentive o Tratamento Físico e o Emocional: Apoie a pessoa na busca por um bom fisioterapeuta ou ortopedista, mas também na conversa com um psicólogo, que pode ajudar a manejar a dor crônica e a ansiedade associada.
- Adapte as Atividades: Seja proativo ao sugerir atividades que não exijam esforço no quadril, mostrando que a vida social não precisa parar por causa da limitação física.
Mitos e Verdades Baseados em Evidências:
- Mito: “A dor crônica é totalmente imaginária e causada pela depressão.”
- Verdade: A SDGT tem uma base física clara (tendinopatia), mas o estado emocional da pessoa afeta o quanto essa dor é sentida. O tratamento eficaz é físico e mental, conforme o consenso de especialistas em dor crônica.
- Mito: “Se o ortopedista não achou nada, a dor é na cabeça.
- Verdade: Se o ortopedista fizer um diagnóstico de SDGT, a dor é física. Se a dor persistir sem causa física clara, a somatização é uma possibilidade real, e um psicólogo é o profissional indicado para investigar essa via.
Importância do Suporte Profissional: O maior presente é incentivar a busca por um time multidisciplinar: ortopedista, fisioterapeuta e, se a dor persistir ou a saúde mental for afetada, um psicólogo ou psiquiatra.
A confusão gerada pelo nome popular “depressão trocantérica” nos ensina uma lição valiosa: a dor no corpo e o sofrimento na mente estão intrinsecamente ligados. A Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT) é uma condição física real que causa dor, e essa dor pode levar à frustração e, até mesmo, a um quadro depressivo ou ansioso.
O caminho para o alívio e a recuperação da qualidade de vida passa, obrigatoriamente, pelo diagnóstico físico correto de um médico ortopedista. Uma vez identificado o problema físico, o tratamento com fisioterapia e o fortalecimento muscular são essenciais. Paralelamente, cuidar da saúde mental, seja através da conversa com um psicólogo para lidar com a dor crônica, seja pelo manejo da ansiedade, é crucial. Reconhecer a dor em todas as suas dimensões – física e emocional – é o primeiro passo para um cuidado verdadeiramente integral e compassivo.
FAQ de perguntas e respostas
O que é depressão trocantérica, na verdade?
“Depressão trocantérica” é um termo popular incorreto. O nome médico para a dor na lateral do quadril é geralmente Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT), causada por problemas nos tendões e músculos da região, como a tendinopatia dos glúteos.
A SDGT pode levar à depressão?
Sim. Qualquer dor crônica, ao limitar a mobilidade, causar insônia e frustração, é um fator de risco significativo para o desenvolvimento ou agravamento de quadros de depressão e ansiedade.
Qual especialista devo procurar para a dor na lateral do quadril?
Você deve procurar um médico ortopedista ou reumatologista para o diagnóstico e o início do tratamento da Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter (SDGT). Se o impacto emocional for grande, um psicólogo pode ajudar no manejo da dor crônica e da frustração.
Qual a principal diferença entre a dor da SDGT e a dor de hérnia de disco?
A dor da SDGT é localizada principalmente na lateral do quadril e, no máximo, irradia para a lateral da coxa. A dor de hérnia de disco (ciática) geralmente começa na lombar ou na nádega e irradia para a parte de trás ou lateral da perna, podendo atingir o pé, frequentemente com sensação de formigamento ou dormência.
O tratamento da SDGT é cirúrgico?
Não. A grande maioria dos casos de Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter é resolvida com tratamento conservador, que inclui repouso, medicação para controle da dor/inflamação (prescrita por médico) e, principalmente, fisioterapia com foco no fortalecimento dos músculos glúteos. A cirurgia é reservada para casos raríssimos e que não respondem ao tratamento conservador.
🆘 EM EMERGÊNCIA:
- CAPS (Centro de Atenção Psicossocial): 190
- CVV (Centro de Valorização da Vida): Ligue 188
- SAMU: Ligue 192

Sobre o Autor
Escritora e pesquisadora da saúde mental. Desde sempre, sou fascinada pelo poder das palavras e das pequenas mudanças de perspectiva para transformar o dia a dia. Como uma entusiasta do desenvolvimento pessoal, dedico meu tempo a estudar e compilar ideias que possam trazer inspiração. Busco sempre basear minhas reflexões em fontes diversas confáveis e verificadas para apresentar diferentes perspectivas sobre os temas abordados, com responsabilidade e respeito.


